quinta-feira, 30 de novembro de 2006
O tiro que parece não ter saído pela culatra A globalização confere um aspecto peculiar à sociedade do início do século XXI. Levada ao seu grau mais extremo, o falso caráter homogêneo que ela propõe é um dos maiores desafios que a sociologia pode enfrentar.
Uma vez que a sociedade se desenvolve em ritmo acelerado, as diferenças também se impõem da mesma forma: o fluxo liberal de capitais contribui na formação de uma massa de excluídos que não percebem nada de homogêneo nessa nova ordem: são ainda mais exploradas e a estrutura frágil á qual sempre estiveram inseridas não permite que sua condição seja diferente, mesmo que se pregue a idéia de igualdade de oportunidades.
A sociologia vem de encontro á necessidade de análise das interações sociais, como elas se configuram e se desenvolvem, concomitantemente ao curso da sociedade. Porém, o que não podemos deixar de analisar é q eu a modificação da sociedade, principalmente pelo advento da tecnologia, não vem de encontro com o aprimoramento da condição de alguns.
Os pontos já ressaltados encontram eco nos sistemas de ensino, onde, por exemplo, a rede pública (se tomando como exemplo as escolas brasileiras), apresenta para quem quiser analisar, a deficiência de sua clientela em articular aquilo que lhe foi ensinado durante os anos escolares. Ora, não se é defendido que a tarefa da sociologia - recém instituída nos currículos escolares do ensino médio nacional - deve ser a de fomentar nos seres a experiência crítica? Pois bem, talvez seja esse mais um dos desafios da sociologia no século XXI, ou seja, ultrapassar as barreiras que estão expressas nas bases que os ser humano recebe na infância - na maioria das vezes, insuficiente - e estabelecer com ela o parâmetro que vai conferir ao indivíduo a capacidade crítica, que fará com que ele transpasse o senso comum, tendo enfim consciência de que faz parte de um todo social, e mais; que é elemento determinante desse todo.
O exemplo foi preciso para destacar que a sociologia se apresentará no século XXI como artifício de inserção em uma totalidade que se representa cada vez mais segmentaria e foge mais do caráter "globalizante", que só tem a ver, enfim, com a economia.
A sociedade global produziu um indivíduo que, mesmo sem querer, se destaca dela: é na homogeneidade que propõe que ele acaba não se identificando como ser social, simplesmente por seu sentido não ser passível de compreensão numa esfera que se configura cada vez mais individualizante, principalmente, como já se disse, pelo advento tecnológico que propõe cada vez mais sua racionalidade que termina por retirar do ser aquele sentimento inerente de relação. Basta observarmos a questão das relações pessoais, onde na sociedade tecnológica, o ser se comunica cada vez menos e vai perdendo a capacidade de buscar essa interação.
Dessa forma, outro importante desafio da sociologia no século XXI será traçar metas para que os ser humano retome o seu caráter de interação nessa esfera individualizante que o mundo globalizado configura. Mostrar como, apesar das estruturas que cada vez mais contribuem para a individualização do ser - grandes cidades, desgaste profissional, etc - o homem pode reencontrar sua propriedade social que vai além da língua, nacionalidade ou costumes: aquela de querer (e não apenas precisar) estar perto de outros seres humanos.
Vida caralha...
Às 21:56:47 MaritaPregou este panfleto
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terça-feira, 21 de novembro de 2006
Perdi Vinte, Vinte e Quatro... Acordar com sono, sem vontade de acordar. E eu também não sei por que isso ocorre, eu não estou triste, nem nada. Acho que só estou cansada. Trabalhar cansa, a sociabilidade cansa, as pessoas cansam. E você vai percebendo que, lutar contra elas é uma guerra perdida, e então você simplesmente se acostuma com as coisas. Com o que você gosta, que acaba sendo banalizado se você não aprimora, e também com as coisas que você não gosta, porque você simplesmente não liga mais, tal é a frequência que coisas que nos desagradam acontecem por aí. O medo do conflito faz isso e você pensa: mas essa vida também é tão curta, e brigar é tão cansativo... deixa passar.
De tudo, o que eu mais tenho medo é o desencanto. Juro, não quero me desencantar com as coisas, mas tem horas que é inevitável.E eu, que dou um valor imenso para até aquilo que não tem valor, contemplando as coisas da vida, como naquela cena da Winona Ryder em Edward, Mãos de Tesoura, onde ela gira encantada embaixo da neve, me sinto idiota por prezar tanto, por cuidar tanto.
Talvez seja mesmo idiota. Talvez as coisas não tenham tanto valor.
Vou fazer 24 anos. Mas eu não tenho 24 anos.
Eu queria querer por uma música aqui.
Às 22:43:08 MaritaPregou este panfleto
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domingo, 5 de novembro de 2006Se Deus quiser um dia eu viro semente
E quando a chuva molhar o jardim, ah, eu fico contente
E na primavera vou brotar na terra
E tomar banho de sol, banho de sol, banho de sol, sol
Se Deus quiser um dia eu morro bem velha
Na hora "H" quando a bomba estourar quero ver da janela
E entrar no pacote de camarote
E tomar banho de sol, banho de sol, banho de sol, sol...
Sementes jamais serão apenas sementes.
Não tem nada, nada mesmo mais promissor que as sementes. Sejam elas de flor, de fruta, de comigo-ninguém-pode. Sementes são promessa de vida, de continuidade.
Pois essa semana se foi uma pessoa que ilustrou toda a minha infância. Menos pela sua presença, mais pelas histórias que minha mãe contava. Era a caprichosa tia Marinês, com quem eu aprendi intuitivamente a encapar caixa de sapatos. Não, ela não me ensinou, mas minha mãe contava que ficavam tão bonitas que eu queria fazer igual. É a Tia Marinês que dava aula no Externato Branca de Neve, e esse era o nome da minha escolhinha imaginária, onde minhas bonecas estudavam. E minha mãe falava com tanto orgulho "Tia Marinês é professora", que eu acho que eu sempre achei bonito ser professora por causa da Tia Marinês mesmo. Uma das coisas que eu queria desde pequena: ser professora. Ora, posso dizer então, que um sonho já foi realizado! Mesmo que seja difícil, que desanime, eu tenho certeza que também estou espalhando por aí sementes. As mesmas que os alunos da Tia Marinês retribuíram, no envelopinho, durante a sua missa de sétimo dia.
No céu estrelado eu me perco com os pés na Terra...
Sexta-feira, 14h30. Maravilha, dispensa, nenhum aluno. Política durante duas horas, reformulação do PT da cidade. Dentro, completamente. Não adianta tentar fugir do destino, ou seja, procurar sarna para se coçar. 14h00, maravilha, daqui a pouco, 14h30! Missa de sétimo dia. Não gosto muito de celebrações, sejam quais forem. Batizado, aniversário, casamento, velório, enterro, missa, noivado, visitar nenem na maternidade. Não precisamos de momentos convencionais pra sentir a pessoa com a gente, mas enfim, obrigação. 14h30.
Calor. A cidade do ferrorama, mais de 30 graus, com certeza. Uma cocada no centro da cidade, mais de 15h. Dia 08, pagamento, sábado, aniversário da Aline. Presente da Mie, ainda não entregue. Quanta conta pra pagar! Luz acesa da gasolina, abastecer, não dá pra esquecer. Ahhh a missa de sétimo dia! Conta. Conta. Conta! Abana, abana, abana! Suspiro (...) Finalmente, banho. Cabeça debaixo do chuveiro. Tudo aquilo na cabeça. Fecho os olhos. "Calma. A gente já vai lá ver as bonecas". Sorriso.
Os livros na estante já não têm mais tanta importância
Do muito que eu li, do pouco que sei
Nada me resta
A não ser a vontade de te encontrar
O motivo eu já nem sei
Nem que seja só para estar ao seu lado
Só pra ler no seu rosto
Uma mensagem de amor
À noite eu me deito,
Então escuto a mensagem no ar
Tambores rufando
Eu já não tenho nada pra te dar
No céu estrelado eu me perco
Com os pés na terra
Vagando entre os astros
Nada me move nem me faz parar
A não ser a vontade de te encontrar
O motivo eu já nem sei
Nem que seja só para estar ao seu lado
Só pra ler no seu rosto
Uma mensagem de amor