quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Depois dos 25, começar a crescer de fato. Vida adulta que se aproxima. A velha máxima do chorar que resolve, se trancar no quarto, dormir mais cedo para os problemas irem, se irem  (e voltarem num flash ao lubrificar a retina), nada disso adianta mais. E até parece engraçado pensar em tais subterfúgios usados. No agora, a presença constante do mantra: não, não adianta. A solução é continuar.
E eu continuo, com uma condição bem simples. Que não haja nunca mais: eu repito e enalteço num quase pedido - nunca mais - por parte de Morfeu o tom sádico de me proporcionar nos sonhos a materialização dos abraços que eu nunca mais vou experimentar.

domingo, 13 de outubro de 2013

Ontem eu vi um filme, e aquelas imagens de despedida em aeroporto me levaram àquilo que parecia então ao que de repente, aos 30 anos, aparentava tanto ao que seria uma rotina pra mim a partir de todo agora. 
Eu me lembrei então das últimas vezes que me despedi me mim mesma, tantos eus que deixei em escalas aeroportuárias por aí para que outros brotos viessem à tona. E sabe, doeu. 
Não nos lembramos da dor do primeiro nascimento. Os psicólogos juram nos curar de traumas, a maioria advindos daí, dessa dor que não recordamos, mas da qual temos tantas reminiscências. Imagino então como deve ser difícil nos curar durante a vida de tantos outros re re renascimentos, estes mais doloridos por serem tão conscientes. 
Porque nos jogamos voluntariamente no obscuro, no duvidoso. E a cada decepção, a cada despedida, a cada porta de embarque fechada, a cada saída de um banheiro de aeroporto com a cara completamente amassada de tanto chorar por achar que falhou mais uma vez, depois de chorar a noite inteira após 10 horas viagem por saber que ficará um ano longe dos seus companheiros de jornada, você respira. E grita. E toma fôlego. E renasce.  Porque há vida. E há aeroportos, e portos-seguros. E tantas escalas com seu nome a esperar, e um lugar que é seu por direito.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Foi um rompante: quis achar que podia amar novamente. Parafraseando Clarice, te pedi - escuta-me com o corpo todo.
Como era surdo de todos os poros e aleijado de vida, nao fui ouvida. 

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Tenho poucas conviccoes e dentre elas que os anos so fazem bem. Tento nao fucar em escritos antigos: saida para nao perceber que ha tanto tempo tudo o que aqui se escreve e bem ou mal, meio que baseado na minha relacao coom voce. 
Hoje o texto nao tem acento e quase nao tem pontuacao. Escrito do celular. Quem diria. Ha dez anos isso so servia para receber suas mensagens de madrugada, as noticias de manguaca ou amores desfeitos ou o tradicional inteurbano de aniversario.
Fechei os olhos pra fazer minha oracao e ela foi unica, sincera e natural. Que, em qualquer lugar que voce esteja, que voce pense em mim. Um instante so. Mas eu sei, isso nao tem sentido. Nao tem nobreza nas suas acoes, tambem nao ha generosidade.  Ha tempos eu nao compreendo o porque de vc pra mim. E, mesmo nao resignada, faco de minha unica conviccao mina ultima oracao. 
Talvez seja de fato, so um novo lugar.

sábado, 2 de fevereiro de 2013


Vou exorcizar você. Vou colocar todas as músicas que embalaram nossas madrugadas juntos em um pen drive, e essa lista, com sorte, se perderá no azar de um HD travado, como aconteceu com as nossas fotos. Houve quem disse que não tinha casal mais bonito.
E de fato, não tinha. Assim como não havia amor maior, sonhos maiores, semelhanças mais compatíveis. Não havia vontade que se equiparasse a nossa - desejo de estar junto. Eu fico pensando na resignação com que a oportunidade foi esperada e na fragilidade da concretude disso tudo. E hoje, depois de tanta idas e vindas, de tanta correria em aeroporto, de tantos sinais amarelos ultrapassados com misto de temor e adrenalina, depois de tantas vezes cruzar a zona norte e a zona sul e depois de um descaso digno de filho ingrato, eu lamento que a frase que mais sintetize minha impotência seja justamente retirada da música que inspiraria o nome da nossa filha: ‎... And there's nothing else I can really do ...