domingo, 10 de maio de 2015

Hoje é dia das mães, e eu sou muito feliz por ter a minha, que menos mãe, é mais amiga. Tenho uma mulher excepcional como exemplo dentro da minha casa e sei que isso é raro. A maioria das pessoa tem apenas a progenitora.
O meu (nosso) plano em 2010 era ter um filho em 2014. Um filho no ano da copa. A idéia fracassou e talvez o 7X1 seja uma consolidação de que nada podia mesmo vingar. Estava eu em Braga no dia desse jogo da vergonha, e nesse mesmo dia, recebi a notícia de que minha amiga de infância iria se casar.
É incrível como os fatos coincidem-se. E a vida roda, menos por aqui.
Desde que eu me entendo por gente, quero ser mãe. O cara com quem eu iria me casar abominava a idéia de ser pai, mas se acostumou. Depois, perdi um bebê - não era pra ser. E meu último namorado sumiu e me fez terminar tudo porque eu ousei em verbalizar o meu maior desejo.
O homem é egocêntrico. Eles vêem na mulher um perigo de estar preso em uma responsabilidade eterna - o filho. Pessoalmente, tive tantas chances de ficar grávida... Mas isso pra mim é tão importante que jamais relegaria tal responsabilidade a qualquer um. É muito egocentrismo esse medo em ser preso pela barriga desses caras. É melhor se situar, colocar a mãozinha na consciência e pensar se de fato é mesmo essa coca-cola que se auto-julga.
Filho é pra sempre, filho é sublime e filho é coisa de dois. Estou definitivamente cansada, inclusive. As pessoas não sabem mais fazer sexo. Penso que essa vulgarização dos filmes adultos proporcionou uma mecanização do ato. Não se sente mais a pessoa, porque muitas vezes o ser em questão é rotativo. A parceira de hoje não é a da próxima semana. É a total banalização da modernidade líquida do Zigmunt Bauman. Não há tempo pro envolvimento, pro sentir o corpo do outro como parte sua, do prazer que transcende o da penetração, mas o do toque da pele da pessoa de quem se gosta. Resumindo, as relações que se forjam são um lixo, são imediatas e não me servem.
Tenho 32 anos e, apesar de ter regressado há pouco ao Brasil em busca de emprego, porém com o doutorado defendido, as pessoas meio que me condenam por eu querer ter uma família. Por quê? Se você tem uma carreira e é doutora assim tão jovem? Sou jovem para ser doutora, mas aos olhos da sociedade, já estou meio velha para ser mãe.
Sim. Eu quero ter um filho - e podem ficar tranquilos, não será com qualquer um.
Vai ser com aquele que estiver disposto a transcender o líquido da modernidade, a mecanização da foda sem envolvimento. Aquele que me entender como ser profundamente sensível e além de capaz de escrever uma tese.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Eu hoje acordei e o dia era igual a ontem, que foi igual a anteontem. 
E tem sido assim desde que eu e perdi. Talvez eu já tenha nascido perdida de mim mesma e talvez eu nunca me ache. 
E também tenho percebido que minha capacidade de escrever e externar as coisas que sinto não é mais a mesma. 
Talvez eu esteja tolhida de alma. Talvez os acontecimentos tenham me tirado de mim, e eu vá ficando assim, toco de árvore. 

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Tenho a cabeça regada em pensamentos que me levam aonde finalmente sou eu mesma. 
Fecho os olhos. Gôndolas de Veneza. Luzes esquizofrênicas de uma casa noturna. Folhas de outono a voar pela rua. O passo é livre, o copo é cheio. Vou onde quero. 
E eu quero, como eu quero. 
É um universo de quereres. Todos eles também sou eu mesma, se misturando em uma profundidade que quando transbordada não tem medo, mas assusta. 
E então, sozinha novamente, fecho os olhos novamente. E então me misturo às gentis pessoas de Sarajevo ou estou deitada às margens do Tejo.