domingo, 2 de setembro de 2012


Qual é mesmo limite do real e da invenção daquilo que a nossa vaidade quer? Talvez a gente só saiba e só encontre com o amadurecimento. Mas é confuso demais quando a sua vida parece mais um filme que merecia o nome de “Encontros e Desencontros”. O pior é quando quem mais você procura encontrar é você mesmo. E além de você, que vive se escondendo, tem mais um alguém. Que surgiu do nada, se tornou presente, amigo, confidente, amante, irritante, inoperante, fantasma, passou a povoar sonhos, virou sua trilha musical, motivo de acumulação de milhas, motivo das mais diversas dores de cabeça, motivos das mais terríveis brigas, tema das mais acaloradas declarações de amor, das mais terríveis despedidas, das mais engraçadas piadas de escárnio. Personagem das mais lindas fotos de casal e dos beijos mais cinematográficos e das mais doloridas separações. Dos mais intensos planos e da mais forte ligação que se faz presente há dez anos. Ou seriam onze? O tempo se perdeu e a gente se perdeu entre os anos, os meses e a discórdia que ocorreu. E aí então vem a saudade. A vontade de ter de novo aquilo que foi um dia. Por vezes me peguei apertando os olhos, hora pra ter alguns momentos novamente, hora pra expulsar de mim certos pensamentos que não queria mais. A ausência é uma coisa estranhíssima: reinventa a sua voz, a sua grosseria tão minha, o desejo de montar uma casa, com jardim, porta-jornal e cachorro.