2012 está chegando ao final. Com
ele, também se inicia o último ciclo do meu retorno a Saturno. Ontem folhei em
uma livraria um livro que contava a trajetória dos mitos que morreram aos 27 anos.
E numa conversa com uma colega hoje, cheguei a conclusão que este é mesmo um
período conturbado, onde o início do retorno de Saturno se apresenta e atordoa
a paz aparente.
Me
descaminhei e caminhei tanto nesses últimos três anos que eu não sei o que
pensar de mim mesmo. Fui a Londres, morei em Portugal, habitei um bairro
conservador no Rio de Janeiro, dirigi até o fim do estado, fui no fundo de mim
mesma e fui obrigada a resgatar aquilo que eu nem sabia se ainda existia. Alguns
momentos me vejo forte, madura, capaz e resignada a esperar o que ainda me
espera. Em outros momentos eu me vejo perdida (por mais que resista àqueles que
assim me julgam). “Você está perdida, Marie”. O engraçado é que eu sei perfeitamente
onde estou indo.
E por
mais que eu tenha a agradecer que tantas desandanças não tenham tirado o que eu
sempre tive de original de mim, às vezes é dolorido. Dói aguardar, como dói
cicatrizar. Talvez meu estado irritadiço venha daí: Estou cicatrizando.
Cicatrizando
do momento cabal. Não sei lidar com o definitivo, e nos últimos anos eu perdi
tantas coisas, apesar de não ter me perdido. O melhor amigo se foi por um
motivo tão banal que eu só posso acreditar que ele foi mais um acidente de
percurso. O amor ideal se desfez ao se
tornar real e agora eu me pego lembrando de tudo ao ver os pedais cor de laranja
nos shows de bandinha que assisto por aí. Ao lembrar do cheiro que apenas uma
cidade do mundo pode ter, ou da sensação mágica de se chegar ao Galeão.
Ao retornar a Saturno, e espero que isso aconteça neste ano,
quero continuar íntegra, resgatando tudo aquilo que eu perdi desde os meus 27 e
podendo dizer: eu cicatrizei. Agora, quero ver quem é que pode comigo. Resisti
a tanta coisa e posso dizer com certeza que, pessoas a partir dos 30 anos são
por demais confiáveis. Por que elas enfrentaram a terrível jornada da reconstrução
e desapego, e cicatrizadas, enfrentarão tudo o que vier.