terça-feira, 11 de outubro de 2011

Eu fico feliz que você tenha superado. Isso me faz pensar que eu devo ter um déficit grave de inteligência ou que simplesmente eu deva mesmo ter feito a coisa certa na hora errada, ou ainda que há uma força muito sádica por trás de tudo isso.
Cada vez que percorro esses mesmos 50km que fiz tantas vezes a seu lado, é uma dor tão grande  que eu não sei simplesmente se chego ou se vou além desta cidade. São as duas piores horas da semana pra mim. Não faz sentido algum. Eu queria vir, na verdade, pra ficar. Mas a realidade é que eu não estou mais em lugar nenhum.
Me vejo falando parte de nossos diálogos, e tudo é tão desinteressante. O engraçado é que até mesmo os ingressos para o show do Paul foram comprados em par, quando não éramos mais um. Mais uma ironia da vida e estou tão cansada delas...
Eu fico imaginando quando é que eu vou voltar a ver graça nas coisas e quando eu novamente eu vou ocupar de novo um lugar de fato onde hoje reside esse vulto descorado. E fico pensando se você ainda pensa em mim. Quase um segundo nunca fez tanto sentido, só por esse tempo eu gostaria de me sentir feliz novamente.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Um ano se passou. E eu, que mais uma vez só queria segurar a sua corda, agi radicalmente. Paguei alto pelo meu ato, conto as moedas até hoje, sinto a dor mais profunda que é a da impotência, a dor da falta, que apenas não é maior que a dor da decepção.
    Me pesa aceitar que o clichê do tempo, ah o tempo, esse que tudo leva seja realmente verdadeeiro. E por mais que eu me sinta melhor e tenha reaprendido a conviver com a vida que não existe mais com você, eu ainda não sei fechar a porta. Mesmo que você tenha me dito "você precisa ser forte", quando eu tentei rever meus atos e você, numa atitude arrogante de si mesmo se perdeu, não considero fraqueza a minha ferida. Compreendo como entendimento.
    Um ano. Cortei meu cabelo curto, tentei revolucionar meu modo de vida, mudar de estado, de profissão e de plano terrestre. Fiz todas as tentativas mas não consegui me esconder de mim mesma. Tenho muito mais cabelos brancos agora, uns quilos a mais, umas rugas de expressão. Mas meus amigos ainda me acham bonita. Mas o que eu quero mesmo é voltar a ser eu.
    E, por mais que eu ainda sofra, eu tenho a certeza que foi melhor passar mesmo tudo isso. Porque só assim eu tenho a certeza de que ainda sinto. De que nada camuflei, de que não me escondi nem me acovardei. E que me mantive de olhos bem abertos durante todo o processo, pois essa é minha conduta diante da vida. Não seguro mais a corda de ninguém, pois não se sustenta aquilo que vaga no ar, sem rumo.

E tenho dó de quem não tem coragem.

domingo, 24 de julho de 2011

O que pode ser tão errado a ponto de causar a indiferença? Deus me livre de encontrar pessoas vazias de sentimentos e tão não-generosas que se tornam incapazes de perdoar.
Deus me livre de não ser generosa, mas me livre também da ilusão de ser perfeita. Que eu continue tendo a coragem de errar, mesmo que doa. E que deus me livre da incapacidade de sentir as coisas como são, mesmo que isso continue acabando com o meu estômago, porque não quero gozar da sensação de viver e ser um zumbi.
Deus me livre, do arrependimento e dos atos impensados, e mais uma vez do egoísmo. Deus me livre do medo de ser feliz, mesmo que a tentativa gere tanto sofrimento. Porque, na verdade, eu só tentei arrumar as coisas. Então, eu peço que me livre de toda essa tristeza que não cabe mais em mim.

Não é Natal, nem ano bom
Nem um sinal no céu, nenhum Armagedom
Nenhuma data especial
Nenhum ET brincando aqui no meu quintal
Nada de mais, nada de mal
Ninguém comigo além da solidão
Nem mesmo um verso original
Pra te dizer e começar uma canção
Só chamei porque te amo
Só chamei porque é grande a paixão
Só chamei porque te amo
Lá bem fundo, fundo do meu coração
Nem carnaval, nem São João
Nenhum balão no céu nem luar no sertão
Nenhuma foto no jornal
Nenhuma nota na coluna social
Nenhuma múmia se mexeu
Nenhum milagre da ciência aconteceu
Nenhum motivo nem razão
Quando a saudade vem não tem explicação ...

domingo, 27 de março de 2011

Que por encanto (infelizmente) aconteceu
 
Talvez existam pessoas mesmo que não sejam de uma outra apenas. Ouvi ontem que não existem almas gêmeas, mas que existem almas compatíveis. Eu já nem sei se existe uma coisa ou outra, o que eu sei é que existe encanto. E pessoas que deixam marcas, às vezes verdadeiras freadas em nossas existências (entendam o termo freada com desejarem). Mas simplesmente deixam.
E então eu começo a pensar que eu sou um daqueles filmes idiotas. Sim, às vezes pareço mais idiota que a ficção. E que a única pessoa que passou pela minha vida e que não deixou resquício algum de encanto ou saudade foi mesmo aquele que teria que ser o mais especial: o primeiro namorado.
Eu penso em todos os (poucos) outros. E enquanto penso e escrevo, quem lê acha que tudo se concretizou em desejo carnal. Não. Aliás não mesmo. A lembrança mais doce que eu guardo é de um gaúcho que eu dei um beijo bem novato na usina no gasômetro no alto dos meus 19 imbecis anos. Tenho ímpetos de encontrar esse cara nas redes sociais da vida e falar que aquele beijo sem graça me libertou pra vida. Me deu auto-estima. Me senti menos falida como mulher que eu nem sabia que era. UM beijo na usina do gasômetro, a mesma que serve de cenário para tantos desenrolares de destinos e trivialidades nos romances de meu Érico Veríssimo. Esse sim, me encanta diariamente. Talvez, junto de meu pai, seja o único homem que amo de fato.
Talvez eu não tenha mesmo amado ninguém de verdade nessa vida. De todos os meus poucos namorados o único que não me decepcionou é aquele que ainda hoje é meu amigo. Que me disse que eu fui a mulher que ele mais gostou e que mesmo assim, mantém uma relação de cordialidade e me chama de Coração. Talvez o amor verdadeiro seja esse, o simples querer bem desprovido de interesse.
Na verdade, tudo aqui é uma reflexão de como você, quase balzaquiana, vê que caminhos que jamais teriam se encontrado simplesmente se desviam nisso que a gente insiste chamar de vida. Você conhece um cara tonto no cursinho em 2001. Volta a ficar com ele em 2003. Em 2004 vocês de vêem novamente, e pela última vez em 2006. Jamais vão além dos beijos e de uma jaqueta importada sequestrada por você. Comédia de erros. O cara tem um filho e te diz: eu não sei explicar, mas falar com vc me dá paz. Não quero me perder de você. Gosto de você de um jeito que eu nem sei explicar e vou gostar sempre.
Me digam amigos. Nâo está parecendo, guardadas as devidas proporções, aquele velho parachoque de caminhão DEUS TE AMA MAS NINGUÉM TE COME?
É definitivamente difícil chegar aos 30 sabendo que você foi (ou não) amada, mas que está sozinha. Que cada pessoa que passou pela sua vida, por mais idiota que fosse, não deixou de te encantar simplesmente por ser assim, gente autêntica. E que na verdade, você não amou: é um pouco de todos eles. E, você se encantou pela imagem ou qualquer outra coisa de boa e passageira que, no fugaz momento, te aliviou de todas as outras mazelas do mundo.

sábado, 19 de março de 2011

Eu fico pensando às vezes o porquê das coisas. O porquê da educação sentimental, por exemplo.  O porquê da construção dos sonhos e o porquê do apego às pessoas.
O porquê da banalidade de palavras e expressões "eu sou seu seu amigo", "quero ficar pra sempre com você", e mais: a maior de todas perguntas que posso fazer agora: o porquê da incrível displicência do eu te amo.
E me peguei lembrando dos artigos que escrevi tentando analisar a trajetória de O Tempo e o Vento - Do Continente para a o Arquipélago e entender como tudo aquilo se fez, eu me senti o mais nada de todos os vazios de palavra deixada por dizer ao perceber que a ilha era eu. E que no fundo, por mais que digam as palavras-chave da tentativa desesperada de socialização - "amigo - eu te amo - estou aqui", ninguém se importa. E então, achei melhor parar de procurar o sentido das coisas como amor ou amizade.