domingo, 23 de março de 2008

Parte II. E parte final.

Decidiu que linhas não mais seriam disperdiçadas com aquela história, afinal, muito tinha a se fazer. Arrumar as caixas, tirar a poeira dos livros, colocar o mural de fotos de volta no lugar. E embora um quadro antigo não mais se encaixasse na parede, não sentiu tristeza em descartá-lo. Ele já não fazia parte de contexto algum. Tudo tinha mudado, muito mais que a dissimulação que gerou toda a decepção (ou entendimento, que seja). O cenário todo tinha mudado. A calma do entendimento se fazia presente, o amadurecimento vinha de uma outra América e o amor, de uma cidade na rota de São Carlos.
Não havia mais lugar para a superficialidade. Não adianta dizer que ama, amar é cotidiano.
Entendia e seguia. Da melhor forma possível.

Azul

Acho que não nasci para a ficção.
De volta a vida real. E a vida parece ser só Érico Veríssimo, literatura, verossimilhança. Mas também tem telefonema de amigo antigo, notícia de casamento de outra amiga antiga, telefonemas fofinhos de amigos que amam vc (e que vc ama), e aí vc se lembra de mais gente e a conta do telefone aumenta! HAHA!
Muito chocolate. E Blues, sempre.
Bisous!

quarta-feira, 19 de março de 2008

Parte I

Fazia calor como sempre. E a cabeça, que se encostava no travasseiro quente, não abrigava pensamentos outros que a decepção. Mas de certa forma, não era só isso. Decepção, na vida adulta, se transforma em entendimento. E entender as coisas, de vez em quando, dói.
A irritação causava dor de cabeça. Uma dor de cabeça que aumentava com os pensamentos e o sentimento ímpar de nada mais poder fazer.
As pessoas mudam. E, na maioria das vezes, querem ser o que não são. Esbanjam um capital cultural que não possuem, vindo de um habitus inexistente. E pregam verdades que não são as suas.
Pensava: que triste.
Mas é assim.
É assim que essa gente, que só existe virtualmente, atua. Era de fato desolador. Mais ainda quando lembrava das piadas e comentários feitos acerca de pessoas simples, essas que não tiveram acesso a boa cultura. Mas que também não forjam nenhuma outra identidade. Era (indigesto, seria a palavra), que uma pessoa saísse repetindo as idéias e os gostos de amigos próximos, escrevendo coisas tão familiares a seus olhos que até pareciam idéias suas. Que, por ter o privilégio de conhecer meia dúzia de filmes menos populares, e de ter lido no mural da faculdade uma letra de Francis Hime ou Edu Lobo, que por roubar impressãoes sobre a política, demosntrasse por aí uma bagagem cultural inexistente.
Pensou ainda que os livros são alimento cósmico. E riu sozinho, quando lembrou de que muitas páginas foram deixadas pra trás pelo ser indigesto em questão. E lembrou dos políticos, que muitas vezes, mesmo sem cultura nenhuma, encantam pelo belo discurso (decorado e ensaiado). Talvez seja mesmo a retórica diferente aqui. E pensou então, que era mais uma vertente da nossa malandragem típica. Parou de se preocupar: tudo o que tem essência artificial, padece.
Fechou o livro, afofou o travesseiro quente. E lembrou de uma frase muito repetida por sua mãe: você pode enganar alguns durante algum tempo. Não todo mundo o tempo todo.

domingo, 2 de março de 2008


Foi quando eu decidi deixar a abestagem domingueira que encontrei em minha caixa de entrada, um presente. Era um e-mail da Dru.
Um carinho. Um abraço virtual. Mensagem quente como amor de irmão.
Querer reencontrar os amigos que compartilharam da minha passagem para a vida adulta, como eu não queria há tempos.
Estaremos juntas na quinta. Tiraremos muitas fotos. Dançaremos Sandra Rosa Madalena, falaremos mal dos outros e tiraremos mais fotos ainda.