sexta-feira, 6 de maio de 2016

O período da noite é sem dúvida o mais difícil.  É quando vem a tona a ausência de aconchego, a falha de um querer bem que se foi ou nunca existiu. São melhores os casos em que eles jamais fizeram parte de nossa vida. Não há do que ter saudade. Perfeição dos mundos.
 Hoje comprei uma passagem de retorno à Lisboa, me emocionei e me contentei tanto. E agora me vem só tristeza. Não sou a mesma a voltar lá. Estou gorda, feia e estou velha. E em minhas fotos lisboetas estou cheia de viço, vida. E alegria. Tenho impressão de quem estava  em Lisboa não me era. Era algo além, algo que ficou pra trás sem ao menos ter existido.
Hoje eu sou uma guia de internação a ser utilizada. Eu sou alguém que tem as malas prontas a entrar em um mundo onde o sono proveria o conforto de não ser.  De não ser professora, mulher, e a mãe que nunca vou ser. Eu sou o desejo de não ser e me tiram o direito de dormir.
Me deixem dormir.

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